Dilemas de batalha

Sempre tive em mim (em alguns momentos mais gritante do que em outros), essa sede de mudança, uma vontade de ajudar o próximo e transformar o que há de ruim em nossa sociedade. Hoje eu sinto falta do tempo em que eu matava minha sede fazendo festa em um orfanato, recolhendo doações para um abrigo, ou mesmo organizando pequenas manifestações da minha indignação sobre assuntos específicos, como camisetas anti-preconceito.
Hoje a indignação ferve dentro de mim, e eu simplesmente não sei nem por onde começar! É como estar em uma emboscada de saídas contraditórias, pra onde quer que eu corra me parece sempre uma ilusão de mudança, caminhos sorridentes que se encerram (para os que insistem em continuar a desvendá-lo) na triste constatação de que nada foi feito, e as mazelas estão ali observando e rindo daqueles que tão satisfeitos foram retirados do campo de batalha dispersos em falsos, ou menores, alvos criados para tal função.
Sinto-me sem esperanças, e ao mesmo tempo persistente na procura, como um herói de guerra dos filmes norte-americanos que não desistem nunca de um companheiro ferido.
Para mim tem sido como estar andando de maneira errante por um labirinto cheio de armadilhas, e a qualquer momento posso prender meus pés no buraco do conformismo, minhas mãos nas amarras da impotência, minhas palavras na mordaça da alienação e – o que mais me amedronta – meu coração no escuro da intolerância.
E é isso que dá persistir sem esperança... é perseguir uma solução que não se sabe qual é, procurar uma saída sem se ter idéia de onde encontrá-la.
Enfim, alguma esperança deve ter resistido em mim, afinal ainda estou em pé, com muitas dúvidas, com muitos temores... Mas insisto em não levantar as mãos à cabeça e me entregar ao desespero, e sim respirar fundo, bater no peito e seguir lutando.